Entendendo o sermão do monte

Introdução.

O texto do Sermão do Monte encontra-se em Mateus 5 : 1-12. Nesta maravilhosa preleção que tem inspirado pessoas durante séculos, Jesus fala das bem aventuranças. Primeiramente é interessante se entender o que são estas “Bem Aventuranças”. Bem aventurado significa alguém que é feliz, abençoado, próspero. No entanto, o idioma grego utiliza outras formas de se referir a alguém que é feliz ou abençoado, que são as palavras Eudaimon, Olbios e Macarios. Jesus utilizou a última, Makarios. Vamos ver por que.

Eudaimon: É aquele que desfruta dos favores dados pelos deuses para atingir a felicidade.
Olbios: É a Felicidade a partir da prosperidade. Ao atingir a plena prosperidade, atingia-se também a felicidade. Era uma relação de dependência.
Estas duas são condicionais e dependem das circunstâncias. Seja do humor dos deuses para se atingir a eudaimonia (felicidade), seja de se atingir prosperidade e consequentemente ser olbios (feliz). Para ser eudaimon, era necessário se fazer oferendas aos deuses para aplacar sua ira ou deixa-los contentes.

Félix. Como curiosidade, acrescento o conceito originário do latim, Félix, que significa fértil. Felicidade = fertilidade. A felicidade é resultante daquele, cuja vida é produtiva, o que é muito interessante.

Makarios: Tem o mesmo significado, porém com um sentido de ser abençoado em uma jornada ou um empreendimento. Quando alguém ia viajar para longe, desejava-se que ele fosse makarios em sua jornada ou aventura. Esta é a razão pela qual os tradutores usam o termo bem aventurado como tradução de makarios, ou seja, que sua jornada seja feliz, abençoada. Toda jornada ou empreendimento não deixa de seu uma aventura, por isso, bem aventurança. Neste caso, a felicidade da aventura não dependia do favor dos deuses, mas de um preparo estratégico pessoal para o sucesso.
Qual é a nossa maior aventura, senão a aventura de viver? A vida é a nossa maior aventura.

Feliz na cultura moderna. Abrahan Maslow foi um psicólogo americano que descobriu que as pessoas têm necessidades e que precisamos satisfazer estas necessidades para nossa auto realização:

Isto é muito importante e precisamos satisfazer estas necessidades para uma vida plena. No entanto, a cultura do século XX e XXI extrapolou estes conceitos e introduziu um novo significado para felicidade. Palavra feliz tomou outra conotação. Para ser feliz é preciso “ter”. Este ter está relacionado com satisfação e prazer. Nossa mente está programada de forma a entendermos que felicidade só se alcança quando satisfazemos necessidades e termos prazer. Nesta linha de pensamento, entra a questão “mercado”. Atualmente o mercado é tão forte que já se tornou um deus: o deus mercado. Ele impõe leis que determinam nosso comportamento. Talvez o grande mandamento do mercado seja comprar para ter e como consequência, ser feliz. A felicidade só vem se eu comprar e ter. Neste eixo, o mercado nos impõe necessidades: ter um carro, ter micro-ondas, máquina fotográfica, filmadora, TVs, consumir pacotes turísticos, animais de estimação (e toda linha derivada dele). Depois que você compra tudo, é preciso atualizar e comprar tudo de novo! Seja feliz fumando cigarros Carlton, seja feliz bebendo Natu Nóbilis, Brahma Extra! A comida deste falso deus é o dinheiro. Ele propõe uma troca: compre e você vai ser feliz. Muitas pregações de púlpitos se renderam a esta cultura e estão centradas na prosperidade e na troca:

Você tem que ter prosperidade financeira. Não é necessário prosperidade no amor, na fé, na pureza, na santidade, na unção do Espírito.
Você tem que dar dinheiro par ter a benção. Não dar seu tempo, seu trabalho, seu talento. Os dízimos e ofertas são mandamentos que temos que cumprir, mas não como moeda de troca com Deus.

É muito bom andar de carro zero e isto nos traz muita satisfação. Ter o corpo sarado também é muito bom e saudável. Uma boa TV, uma boa casa é ótimo! Eu mesmo possuo bens. Mas temos que entender que tudo isto que esta cultura oferece são satisfação de necessidades e nos dão apenas uma falsa sensação de felicidade. Somos enganados constantemente. Por conta disso, nosso século é marcado pela insatisfação (que grande incoerência), egoísmo, individualismo, embrutecimento do homem, criminalidade exacerbada, drogas, perversão, obesidade, doenças emocionais, etc.

Afinal, o que realmente é ser feliz? A grande pergunta é: Como ser feliz ou bem aventurado nesta nossa longa jornada da vida? É possível ser feliz? Isto existe?

Aparentemente é algo utópico, pois vivemos em um mundo em que tudo aponta para sermos infelizes: Deus nos proveu de uma coisa chamada morte. Todos nós morreremos um dia. É claro que os que estão em Cristo viverão eternamente, e não devemos ter medo da morte, mas não deixa de ser algo assustador. Além disso, envelhecemos. O fato de nos tornarmos velhos e talvez dependes de outros é muito triste. O mundo em que vivemos é um lugar muito perigoso. A vida é muito instável, e nós também somos instáveis. As pessoas nos fazem sofrer e muitas vezes nós também causamos sofrimentos ao nosso próximo. É impossível vivermos sozinhos, pois dependemos sempre do outro. Pouco se sabe sobre a vida. Não sabemos a origem do universo, nem seu começo, nem seu fim e nem sua constituição. Ultimamente tem-se falado que 96% de sua constituição é matéria escura e pouquíssimo se sabe o que é isto. Compreendemos muito pouco sobre a vida e sobre nós mesmos. Não sabemos o que acontecerá amanhã…nem daqui a dez minutos. Muitas vezes nos decepcionamos com quem mais amamos e também causamos decepções aos nossos amados. O tempo passa rápido, muito rápido. Somos limitados, muito limitados. Nossos projetos podem não dar certo. A vida pode não ter sido como eu esperava que fosse. Nossas escolhas são difíceis e incertas. O outro nunca é como eu quero e às vezes eu não sou da maneira que gostaria de ser. Gostaríamos que muita coisa fosse diferente. Não tenho tudo que quero. Temos muitas perguntas não respondidas e muitas que jamais serão. A vida não é como eu gostaria que fosse. Somos insaciáveis, insatisfeitos e sempre queremos mais. Temos dores físicas e emocionais, somos acometidos por enfermidades.

Como então ser feliz neste contexto? Mesmo assim, o que o homem mais busca é a felicidade! Talvez o maior esforço da humanidade seja essa eterna busca por ser feliz. Todos a procuram! O rico, o pobre, o que tem muita saúde, o que está enfermo, a criança, o jovem, o adulto, o velho, o que é muito belo e o que não é, o que tem tudo e o que não tem nada.

Interessante é que nem se sabe ao certo se sabe o que significa ser feliz.

Felicidade do ponto de vista de Jesus.
Jesus propõe nove passos para sermos felizes nesta jornada da vida. Aparentemente dão a impressão de não nos levar em direção à felicidade por serem caminhos totalmente diferentes a cultura de nosso século. Todavia, são princípios maravilhosos que demonstram uma harmonia perfeita em sua estrutura e certamente possibilitam uma vida abençoada e feliz.

Jesus sobe a um monte e passa a ensinar uma multidão que sofria muito mais que nós. Pessoas com uma expectativa de vida de aproximadamente 40 anos e sob a opressão de um governo tirano. Um povo escasso de justiça, de saúde, de alimento, de água, de esperança. Pessoas extremamente pobres e necessitadas. Neste ambiente, Jesus os ensina o seguinte:

Bem aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus.
Parece uma contradição: ser pobre e feliz. Pobre em nossa cultura é ofensivo! Como nossa mente está muito suja com os conceitos de mercado, ao ouvirmos a palavra “pobre”, ficamos chocados. Mas aqui não se trata de uma condição econômica, mas uma qualidade espiritual, uma vez que fala “de espírito”. A palavra chave para esta bem aventurança é dependência de Deus. O pobre depende de alguém. O pobre de espírito depende de Deus em tudo, sabe que suas reais necessidades só serão supridas por Deus. É feliz porque Deus sempre supre o necessitado. O contrário é o autossuficiente. O cara é tão bom que não precisa de ninguém. Nem de Deus! Sua beleza, sua cultura, seu dinheiro, sua posição social são suficientes para ser feliz. Acha que sua própria graça lhe basta. Tem uma frase que diz:

“Coitadinho ele é tão pobre, a única coisa que tem é dinheiro”.

(Apocalipse 3:17) – Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Este texto está se referindo à igreja de Laodicéia que era rica financeiramente. Se acomodou e se achou melhor que as outras.

Não estou falando contra o que tem dinheiro, pois o ter dinheiro é uma benção dada por Deus (para abençoar ao que necessita).

O contrário: Rico em orgulho

A benção desta bem aventurança: Deus só pode enriquecer quem é pobre. Como Ele irá enriquecer quem não precisa? (Provérbios 10:22) – A bênção do SENHOR é que enriquece; e não traz consigo dores.

Quando se é rico de Deus para onde se vai? Para o reino dos Céus!

Bem aventurados os que choram, pois serão consolados.
Parece outra contradição. Como alguém que chora pode ser feliz?

Não fala qual a motivação do choro, mas certamente é:

Aquele que chora lamentando seus próprios pecados e pelos pecados do outro. Quem nunca feriu alguém e se sentiu muito mal? Quem nunca desobedeceu ao Senhor e ficou muito entristecido? O choro sobre o qual Jesus fala aqui é uma profunda tristeza espiritual sentida pelo crente por ter ofendido a Deus com seus pecados. Neste caso tem duas opções:
Quebrantar o coração a ponto de chorar e se arrepender.
Não estar nem aí! O outro que se lasque.
Portanto, é aquele que tem um coração quebrantado, isto é, coração ensinável, moldável, barro mole.

(Isaías 57:15-18) – Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

(Isaías 66:2) – Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra.

Contrito: Abatido. Do latim “contere” ou esmagado.

Coração quebrantado é aquele coração que se quebra facilmente.

Coração endurecido é um coração de pedra. Você pode martelar que nem risca, só sai faísca.

Quando passa por grande tribulação. Expressa sua necessidade da graça do Senhor.
A benção: ser consolado. O consolo do Espírito Santo é maravilhoso. Nos traz uma paz e uma alegria indescritíveis. Lembro-me de um amado irmão que estava extremamente atribulado e quando orava em seu quarto, clamando socorro de Deus, sentiu em seu ombro lhe caírem lágrimas. Não havia ninguém no quarto. Percebeu que era o Senhor que derramava sua lágrimas e chorava junto com seu filho. Este irmão sentiu-se extremamente confortado pelo Pai Eterno.

Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Mansidão: tem o sentido de ser guiável. Um boi muito bravo, depois de ser amansado, é facilmente guiado. Até uma criança com uma corda o conduz. Portanto o melhor sentido para a palavra manso é guiável.

Herdar a terra: Aqui não se trata do céu. Quando a bíblia fala da terra prometida, diz de um grande alvo ou objetivo de vida. O grande objetivo do povo hebreu era a terra. A terra prometida. O significado é neste texto é de que iremos atingir o propósito de Deus em nossa vida ao deixarmos ser guiados pelo Espírito Santo. Somente os guiáveis chegarão ao grande alvo de serem semelhantes a Jesus ( Ef. 4:13, Rom 8:29-30).

Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão fartos.
Fome e sede: são os mais fortes sentimentos do ser humanos. Uma pessoa pode até matar por fome e sede. Este é o padrão que Deus quer que tenhamos com relação a justiça. Devemos ser esfomeados e sedentos por praticarmos justiça. A bíblia cita 363 vezes a palavra justiça.

(I João 3:10) – Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.

Segundo a palavra de Deus, há uma forte relação entre justiça e fé:

(Tiago 2:23) – E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.

(Hebreus 11:33) – Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,

Pelos nossos pecados deveríamos ser condenados.

(Romanos 3:23) – Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;

Mas Jesus pagou um alto preço e agora podemos ser justificados perante Deus pela nossa fé em Cristo.

(Efésios 2:8) – Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.

Neste mesmo raciocínio, a prática da verdadeira justiça só pode ocorrer através do Espírito Santo agindo na vida do cristão. Isto é resultado de uma fé genuína. A justiça do homem é muito mal vista pelos olhos do Pai Eterno, o Justo Juiz:

(Isaías 64:6) – Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.

A justiça do homem é relativa.

A benção de sermos justos: “…serão fartos”.

Interessante que quanto mais se pratica justiça, mais farto se é. É muito fácil de observar que nos países onde mais se pratica ou se praticou justiça social, mais próspero são ou foram. Quanto mais corrupção, mais pobreza. Todos os reinos do mundo, em toda a história da humanidade entraram em decadência quando seus governos deixaram de praticar justiça.

Este mesmo princípio se aplica, pessoalmente, nas famílias, empresas, igrejas e organizações.

Pode estender o termo “fartos”, para paz, repouso e segurança:

(Isaías 32:17) – E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.

Fé:

(Romanos 1:17) – Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.

As bênçãos de Deus são sempre fartas e abundantes:

(Efésios 3:20) – Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,

Na multiplicação dos pães, sobejaram 12 cestos para cinco mil pessoas e sete cestos para quatro mil pessoas.

(Efésios 3:20) – Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,

A prática da justiça no cotidiano: Este é o foco de Jesus, sermos justos no dia a dia, com nossos filhos, nossos esposos, nossas esposas, nossos amigos, no trabalho, etc. Inseridos dentro do contexto “justiça”, estão coerência, retidão, imparcialidade, ser correto. Creio que até para ler a palavra devemos ser justos, sem imparcialidades, sem tendências pessoais ou religiosas.

Bem aventurados os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia.
Misericórdia é uma palavra que se compõe de duas partes:

Miséria + cárdio.

Miséria: qualquer tipo de escassez abaixo da linha da pobreza.

Cárdio: coração.

Portanto, quando falo “Deus tenha misericórdia de mim”, estou dizendo: Senhor, mova teu coração em favor de minha miséria.

No entanto, este é um tema dependente. Nós só alcançaremos misericórdia se antes fomos misericordiosos com o outro. E só seremos misericordiosos se compreendermos que somos miseráveis. Fico pasmo como os grandes e santos homens de Deus se achavam miseráveis. Ao mesmo tempo homens com pequenez de alma se acharam excessivamente bons.

(Jó 6:2) – Oh! se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança!

(Romanos 7:24) – Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

(Apocalipse 3:17) – Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; (falava aos crentes da igreja de Laodisséia).

(Romanos 7:18) – Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.

Paulo, o maior dos apóstolos. Davi, o maior rei de Israel e o mais íntimo do Pai. Jó o melhor e o mais rico homem da terra. Estes se julgavam miseráveis, porque conheciam a grandeza, a santidade, a pureza, o poder, a majestade de Deus. Tem-se a impressão que o homem do século XXI é todo poderoso. Que através do conhecimento e da tecnologia se pode tudo. Como é triste ver líderes cristãos que se julgam onipotentes.

Sabe como Deus sendo Santo e Perfeito nos vê? Como santos e perfeitos! Isto porque o Pai nos vê através de Cristo. Fora isto, somos miseráveis.

A bíblia cita 157 vezes a palavra misericórdia. Vou citar apenas um verso:

(Lamentações 3:22) – As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;

Portanto, quando vemos algo de mal que o outro nos fez, devemos passar pelo filtro da misericórdia. Quando nos perguntamos: como aquela pessoa é ou foi capaz de fazer algo tão terrível? É porque ela é miserável e devemos ser misericordiosos. Assim fazendo, Deus será misericordioso para conosco e seremos felizes, benditos, bem aventurados.

Bem aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Creio que a palavra chave para este verso é santidade. Nos relacionamos de uma forma muito próxima com o mundo. Entende-se por mundo, todo o sistema, seja ele político, econômico, midiático, musical, indo até o religioso, que está nas mãos do governo de satanás. Este sistema não glorifica a Deus. Embora não fazemos parte do mundo, estamos no mundo. O grande perigo é nos moldarmos a este sistema e nos sujarmos com ele. Para isto é preciso que sejamos santos. Santo significa separado, não contaminado com o sistema do mundo. Esta bem aventurança está em conformidade com a bíblia:

(Hebreus 12:14) – Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;

Este é um processo que consiste em uma prática diária de confissão, perdão e separação da influência da cultura do mundo, de modo a sempre nos apresentarmos limpos na presença do Senhor.

(Isaías 59:2) – Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.

Porque devemos ser santos? Porque é um mandamento! Não é uma opção.

(I Pedro 1:16) – Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.

Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
A bíblia cita 95 vezes a palavra paz. O pacificador é aquele que promove, que possibilita, que abre caminho para que a paz seja operada. A paz que a bíblia expressa é um atributo espiritual. Não significa um estado de tranquilidade, um momento “zen” ou aquele momento em que você está à sombra de uma árvore frondosa, na beira de um rio calmo, deitado numa grama gostosa. Não é um estado momentâneo. É algo que vem de fora. Você pode até estar atribulado e enfermo, mas em paz.

O contrário é aquela pessoa que tem o dom de causar confusão, fazer fofocas, jogar um contra o outro, põe lenha na fogueira.

A palavra chave para este verso é: A paz é o próprio Jesus. Pacificador é aquele que leva Jesus ao outro. A verdadeira paz só é possível através de Cristo, pois ele é a própria paz:

(João 14:27) – Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

(João 16:33) – Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

(Isaías 9:6) – Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
A palavra chave para este verso é: matemática (ou o óbvio). Como estaria inserido no contexto de nossa cultura, alguém que fosse pobre de espírito, que chora por seus pecados, que é mansa, que tem fome e sede de justiça, que é misericordiosa, que é limpa de coração e que promove a paz? Certamente estaria fora dos padrões e seria perseguido. Não fizeram isto com Jesus? Qual profeta ou homem de Deus não foi perseguido? Pense em um personagem importante na história bíblica e veja se ele não foi perseguido. Se acharmos que vamos cumprir a palavra e sermos reconhecidos pelos homens, estamos nos enganando. A matemática é simples. Aqueles que querem ser vistos pelas suas obras estão fora do propósito da palavra:

(João 3:30) – É necessário que ele cresça e que eu diminua.

Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
Jesus nos alerta que quando formos perseguidos por fazer a sua vontade, então estamos trilhando o caminho certo. Devemos ser conhecidos não pelo que não fazemos: não fumamos, não bebemos, não adulteramos, não vamos às baladas… mas também não evangelizamos, não jejuamos, não somos cheios do Espírito Santo, não impomos nossas mãos para curar, não discipulamos, não ensinamos. Devemos ser conhecidos pelo que fazemos: pregamos, evangelizamos, discipulamos, etc.